Curiosidade… uma qualidade que todos os humanos possuem. Se é uma qualidade positiva ou negativa, já é algo para outra “conversa”. A curiosidade de cada um de nós existe, essencialmente, devido à nossa grande necessidade de nos compreendermos a nós próprios e ao mundo que nos rodeia.
No meu ponto de vista, é a curiosidade também, que é responsável pelos “porquês”. A literatura e os grandes experts dizem que há uma “idade dos porquês”. Entre os três e os quatro anos, as crianças, começam a dar mais valor a essa curiosidade quanto a elas próprias e ao que as rodeia. Através de experiências de sensações as crianças vão descobrindo novas coisas, novas emoções. Aos poucos vai-se formando o “eu”. E é exactamente nesta idade, quando a noção do “eu” está mais consolidada, que se torna claro que para tudo tem que existir uma causa. É então que os “miúdos” querem saber o porquê de tudo... absolutamente tudo... não aceitam que as coisas aconteçam sem uma razão que os adultos possam identificar. A partir de uma certa idade, parece que os “porquês” se tornam menos... deixamos de viver a “idade dos porquês”.
Mas... será que deixamos mesmo? Será que os “porquês” deixam de ter o mesmo valor na nossa vida quando já conseguimos por nós próprios identificar as causas das coisas? Será que nos contentamos com o pensamento que há certas coisas que acontecem sem razão e, por isso, não devemos procurar o porquê?
De certa forma, tenho a sensação que alguns, hoje em dia, nem sequer tentam entender-se a si próprios, quanto mais o mundo que os rodeia. Os “porquês” deixaram de ter importância. Essa idade já passou. Agora, vivem mais a “idade da resignação”. Ou seja, a pergunta do “porquê”, a tentativa de descobrir a causa para certos acontecimentos ou, para certas situações, já não tem prioridade. E, assim, vao-se perdendo neles próprios, sem se aperceberem. Vão-se isolando do mundo que os rodeia. Bloqueando certos estímulos, porque isso teria consequências. Possivelmente, os levaria a perguntarem-se “porquê”.
Certo é que, determinadas “coisas” na nossa vida, são mesmo capazes de não ter razão. Ou então não é possível encontrar a resposta ao “porquê”. Ou, ainda que a encontremos pouco ou nada poderemos fazer com essa resposta. No entanto, somente o facto de, na nossa mente, a questão ser levantada, confronta-nos com a nossa existência. A existência de alguém com características muito pessoais, muito próprias.
Acredito que não devíamos esquecer-nos da “idade dos porquês”. Continuo a viver essa idade, continuo a perguntar, várias vezes por dia até, “porquê”. E, acima de tudo continuo a crescer... continuo a descobrir mais sobre mim própria e o mundo que me rodeia!
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