Pensar... uma qualidade intrínseca a todos nós mas que, por vezes, preferia não possuir. Por vezes, queria ter o poder de esvaziar completamente a minha mente, de não pensar, não recordar, não sentir... Claro que isto é apenas por breves momentos. Em seguida apercebo-me que, se realmente tivesse este poder, não o usaria tão assíduamente como talvez o desejasse. Porque é impossível não pensar, não recordar e não sentir. Afinal isso significaria não viver. Significaria não comunicar. Significaria apenas uma passagem pela vida, e não viver a vida como ela realmente é.
Tudo depende inteiramente de nós. Tudo aquilo que somos ou que queremos ser. Tudo aquilo que temos ou que queremos ter. Tudo depende do nosso conceito e de como nos ajustamos, ou não, às situações, às vivências, aos problemas, aos obstáculos, à felicidade, à alegria, à tristeza, enfim.... à vida propriamente dita. Quantas vezes não nos agarramos a algo que sabemos impossível, ou a algo que sabemos que não mudará? Ainda assim continuamos agarrados a isso. Pergunto-me várias vezes porquê. Parece que temos algum prazer em sofrer, em nos auto-mutilarmos psicologicamente. Porque não tomamos o caminho mais fácil, aceitando que as situações não são como nós desejaríamos? Aceitando que existem soluções para essas situações, talvez não aquelas que no fundo desejamos mas, ainda assim, soluções. Porque teimamos em sofrer e, várias vezes, arrastar outros connosco, fazendo-os sofrer também? Porque é sempre mais “fácil” escrever, relatar, conversar, sobre algo que nos magoa, que nos faz sofrer? Porque teimamos em colocar esses pensamentos, esses sentimentos à frente daquilo que nos faz sorrir, que nos faz ficar alegres? Não consigo encontrar resposta. Não tenho a resposta e nem sei se alguém me saberá responder.
O que sei, é que tenho que mudar, o que sei é que quero mudar. Fartei-me! Quero desistir de sofrer, quero desistir de me sentir magoada, quero desistir de desejar esvaziar a minha mente! Quero alcançar aquilo que sei que posso alcançar, concentrando-me naquilo que tenho, naquilo que me foi concedido. E, afinal, é tanto... se analisar tenho tanto... e, ainda assim, não sei dar valor ao que tenho. Continuo a pensar, somente, naquilo que perdi e naquilo que ainda não tenho. Posso tirar tanto proveito do que me rodeia, tanta coisa foi-me oferecida de “mãos abertas”. E que faço eu? Continua a não dar valor, continuo a arranjar desculpas.
E... se de repente me fosse concedido apenas algum tempo de vida... o que faria? Sei que não desistiria, sei que iria querer ser feliz. Sei que me iria satisfazer com pequenas coisas que, talvez, neste momento, me pareçam irrisórias, me pareçam não ter valor suficiente para superar aquilo que não tenho. Sei que iria lutar com todas as minhas forças por aquilo que acredito... Sim, porque isso nunca coloquei em causa... por isso... é agora a altura de mudar, drasticamente. Não me acomodar, não me satisfazer com esta vida que supostamente é aquilo que eu quero. No fundo sei que não é... sei que me falta algo que já tive em abundância, mas que deixei de dar a prioridade que merece... E, por isso, sinto este vazio... penso que não irei superar algumas mágoas, a dor intensa que sinto... mas... tudo depende de mim. Da minha vontade, da minha força interior, daquilo que sou, daquilo que acredito, do valor que sei que tenho, de me deixar ajudar pelas pessoas que me rodeiam e me apoiam.
A confrontação... o conseguir, pela primeira vez, colocar no “papel” tudo o que aperta o meu coração, tudo o que me impede de dormir um sono relaxado, um sono que me acalme, um sono que me revigore... vai ajudar-me... vai dar-me a força necessária para as mudanças... vai permitir-me estar consciente da importância desta mudança... Sei que vou conseguir, basta querer... basta usar a minha força de vontade! Basta ler estas palavras...