Depois de mais um longo período longe do meu cantinho, consegui um pouco de tempo para voltar a escrever algumas palavras.
Há dois dias ouvi novamente uma música que sempre gostei muito e que diz que a “vida é uma folha em branco...”.
Nesta folha vamos todos os dias escrevendo, de um modo ou de outro, com cores vivas e alegres, com cores escuras, carregadas e tristes. A escrita pode ser com letras maiúsculas ou com letras minúsculas. Pode ser constante, contínua, mas também podemos decidir durante algum tempo não escrever nesta folha... simplesmente deixá-la em branco durante algum tempo...
Embora sejamos nós os escritores principais desta folha, tendo a possibilidade de decidir como queremos ver esta escrita, nem sempre escrevemos como desejaríamos. Quantas vezes não escrevemos com uma cor mais escura quando o que realmente queriamos era escrever com uma cor viva? Mas... em determinado momento podemos descobrir mais uma particularidade deste grande privilégio de sermos escritores... é que também temos na nossa mão a possibilidade de reescrever um parágrafo ou um capítulo dessa folha. Não, não o podemos apagar! Ao reler esse capítulo aprendemos bastante, até mesmo melhoramos a nossa escrita, apuramos mais os nossos sentidos, o nosso rol de palavras aumenta... e é nessa altura que somos capazes de reescrever esta folha... dar-lhe brilho, talvez uma letra mais floreada e bonita, cores que chamam a atenção dos leitores... e quando relemos sentimo-nos livres, satisfeitos e gratos por termos este privilégio, por termos na nossa mão a caneta que todos os dias imprime mais caracteres na folha em branco da vida...
É o que estou fazendo neste momento, estou a reescrever alguns capítulos da folha em branco. Escolhi primeiro ler alguns dos capítulos e parágrafos anteriores para que não escreva o mesmo, não me repita em algumas palavras com um significado menos interessante ou mesmo algumas palavras mais feias! Estou a ler os capítulos e a mudar estas palavras de tom, de cor, de forma... Claro que está a exigir mais esforço, mais tempo, mais atenção, mais reflecção e até mesmo meditação... obrigo-me a parar para pensar, especialmente em mim... mas o resultado está a ser tão recompensador que todo este esforço é como se fosse o mergulhar da caneta na tinta... fica no início um pouco pesada, custa a levantar, mas a partir do momento em que toca na folha, a escrita flui, as palavras sucedem-se e já nem se nota o peso inicial e acabo por perguntar-me se este peso realmente existiu ou se era a minha mão que estava mais fraca? É uma descoberta constante para que a escrita na folha em branco seja realmente a MINHA escrita!
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