Cada vez mais me preocupa a sociedade em que vivemos e, ainda mais, a forma como a nossa sociedade vive. A sociedade deixou de dar valor áquilo que há uns anos atrás tinha o maior dos valores. Vejamos os nossos “velhos”. Pessoas que, na maior parte das vezes, tem uma história de vida riquíssima, que têm tanto para ensinar aos “mais novos” e, acima de tudo, pessoas que são Pessoas. Têm sentimentos, emoções, e a vida que ainda está à sua frente pode ser muito rica e dar-lhes muitas alegrias. No entanto, deparo-me com situações que me levam realmente a interrogar se a sociedade que vivemos é “humana”. Que me leva a interrogar, afinal, que normas e valores é que existem hoje em dia.
Deparo-me com um dos nossos “velhos” que me conta que trabalhou uma vida inteira para dar de tudo aos seus filhos, à sua família. De repente toda a sua vida mudou, e agora encontra-se completamente isolada, em depressão e até com pensamentos suícidas. Não é doente mas a solidão, o medo, a tristeza, o não receber de volta o amor que sempre deu faz com que a vida não tenha mais sentido, não tenha mais valor. Faz com que deseje estar morta porque assim não dá mais trabalho a ninguém e os seus filhos e restantes familiares podem viver a vida deles à vontade. Hoje chorei com ela... hoje agarrei-lhe a mão e demonstrei-lhe que afinal há alguém que dá valor à sua vida. Hoje tirei uma hora apenas para ouvi-la, para que ela abrisse o seu coração e me dissesse aquilo que não tem coragem de dizer a mais ninguém. Hoje fiz a diferença na vida de um dos nossos “velhos”. E, ainda que me sinta um pouco recompensada, sinto-me triste, irritada e até revoltada por saber que, por esse mundo fora, milhares de “velhos” se sentem desta forma.
NÃO! NÃO entendo porque tão pouca gente se importa. Não entendo que estejamos tão intensamente preocupados com nós próprios e com as nossas vidas egoístas que esquecemos aqueles que mais significaram para nós. Esquecemos que não são só os “novos” que sofrem depressões. Os nossos “velhos” vivem, na maioria, isolados do mundo, ou então num mundo àparte, um mundo que lhes é imposto. Porque, devido à sociedade apressada e egoísta, de procura de prazeres imediatos em que vivemos, não lhes permitimos viverem no “nosso” mundo. Como somos egoístas!
É bom que façamos um pouco de introspecção e mudemos a nossa maneira de lidar com os nossos "velhos". Tenho a certeza que aprenderíamos muito mais! Tenho a certeza que eles seriam muito mais felizes!
De Anónimo a 12 de Outubro de 2006 às 13:08
Acho a tua visão do assunto tenebrosamente real, de facto pouca gente se preocupa com eles, acho que tem ver com o nosso próprio medo em envelhecer, o medo de assistirmos ao nosso próprio desenlace.
É preferivel pô-los a um canto da vista, da memória, muitas vezes apenas esperando o seu desaparecimento fisico, já que o sentimental há muito desvaneceu!
Nada deve ser mais assustador que terminar a vida sózinho, sem uma companhia, sem um abraço, sem alguem dizer que tudo vai ficar bem, que ainda vale a pena viver, que ainda temos importãncia.
Eu sei que a partir de hoje vou-me sentir mais animado com o futuro, porque vejo que existem pessoas que se preocupam, pessoas como tu...
Nuno.
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